Nutrição e Gastronomia

Saiba o que difere intolerância de alergia alimentar

6/11/2025
Kurotel
Saiba o que difere intolerância de alergia alimentar

Muitas pessoas sentem desconforto após comer certos alimentos e, nesse momento, surge uma dúvida comum: isso é uma intolerância ou uma alergia alimentar? Embora esses termos sejam frequentemente usados como sinônimos, eles se referem a condições diferentes, com causas, sintomas e riscos distintos. Entender essa diferença é fundamental para saber quando é preciso apenas ajustar a alimentação ou quando é necessário procurar ajuda médica com urgência.

A intolerância alimentar e a alergia alimentar são condições diferentes, embora frequentemente confundidas. A intolerância está ligada à dificuldade de digestão de certos alimentos, como a lactose, causando sintomas como inchaço, gases e diarreia, mas sem risco grave à saúde. Já a alergia é uma reação do sistema imunológico, que pode provocar desde urticária até anafilaxia, uma resposta severa e potencialmente fatal. Enquanto a intolerância afeta apenas o sistema digestivo, a alergia envolve o corpo todo e exige cuidados imediatos.

Intolerância alimentar
O Dr. Gladistone Coghetto Junior, da equipe técnica do Kurotel, explica que a intolerância alimentar se caracteriza por uma reação adversa à ingestão de certos alimentos, sem envolvimento de mecanismos imunológicos, ao contrário da alergia alimentar, que é mediada por uma resposta imune, principalmente pela imunoglobulina E (IgE): um tipo de anticorpo produzido pelo sistema imunológico.

"As intolerâncias alimentares geralmente resultam de defeitos enzimáticos (como a deficiência de lactase na intolerância à lactose), dificuldades na absorção de carboidratos (como frutose e FODMAPs) ou efeitos farmacológicos de componentes alimentares (como cafeína, histamina e salicilatos). Não há envolvimento de anticorpos nem de células do sistema imune", afirma ele.

"Os sintomas mais comuns de intolerância alimentar são predominantemente gastrointestinais: distensão abdominal, flatulência, dor abdominal, diarreia, náuseas e, ocasionalmente, constipação. Sintomas extraintestinais, como cefaleia e fadiga, podem ocorrer em casos específicos, mas são menos frequentes", completa.

De acordo como Dr. Gladistone, o diagnóstico de intolerância alimentar é feito principalmente por meio de uma abordagem clínica, baseada em uma história detalhada dos sintomas, que são geralmente gastrointestinais, podendo incluir sintomas extraintestinais em casos específicos. "Diferente da alergia alimentar, a intolerância não envolve mecanismos imunológicos e os sintomas tendem a ser proporcionais à quantidade ingerida do alimento", ressalta.  

"O método mais aceito consiste em um teste de exclusão e reintrodução: o alimento suspeito é retirado da dieta por um período curto (geralmente de 2 a 4 semanas), seguido de reintrodução controlada para observar se há recorrência dos sintomas. Não existem biomarcadores validados para a maioria das intolerâncias alimentares, com exceção da intolerância à lactose (teste do hidrogênio expirado ou teste de tolerância à lactose) e da intolerância hereditária à frutose", explica.

Os alimentos frequentemente associados a alergias alimentares, como leite de vaca, ovo,trigo, soja, amendoim, castanhas, peixe e frutos do mar, também podem causar intolerância alimentar, especialmente o leite (lactose), o trigo (glúten ou FODMAPs) e os ovos, mas por mecanismos não imunológicos. O médico ressalta que diferenciar intolerância de alergia é fundamental, pois a intolerância raramente representa risco de vida, e seu manejo é centrado na exclusão alimentar e no monitoramento dos sintomas.

Alergia alimentar
A alergia alimentar é uma reação do sistema imunológico a certos alimentos, que pode causar sintomas leves a graves e, em alguns casos, ser potencialmente fatal. O Dr. Gladistone Coghetto Junior explica que o processo começa com a sensibilização, quando o indivíduo desenvolve IgE específico após o contato com o antígeno alimentar.

Na reexposição, ocorre a ligação cruzada desses IgE em mastócitos e basófilos, que são tipos de células do sistema imunológico, levando à liberação rápida de mediadores inflamatórios, como histamina, triptase, citocinas (IL-4, IL-6,TNF), leucotrienos e prostaglandinas, que desencadeiam os sintomas clínicos.

Esses sintomas podem ser, explica o médico, urticária, angioedema, sintomas respiratórios, gastrointestinais e, em casos graves, anafilaxia. “O início dos sintomas geralmente é rápido, entre 5 e 60 minutos após a ingestão do alimento", complementa

Segundo o Dr. Gladistone, os alimentos mais frequentemente associados a alergias alimentares são leite de vaca, ovo, amendoim, castanhas (como noz, amêndoa e castanha de caju), soja, trigo, peixe, crustáceos, moluscos e, em algumas regiões, sementes como o gergelim.

"Esses nove alimentos representam mais de 90% dos casos de alergia alimentar mediada por IgE nos Estados Unidos, conforme dados epidemiológicos recentes. A prevalência e o perfil dos principais alimentos variam conforme a faixa etária e a região geográfica: leite e ovo predominam em crianças pequenas, enquanto amendoim, castanhas, peixe e frutosdo mar são mais comuns em adultos", informa.  

Os testes mais indicados para diagnosticar alergia alimentar aos principais alimentos (leite de vaca, ovo, amendoim, castanhas, soja, trigo, peixe, crustáceos e moluscos) são os seguintes, de acordo, com o especialista:

- Teste de provocação oral supervisionado (Oral Food Challenge, OFC): Considerado o padrão-ouro para confirmação diagnóstica, especialmente quando a história clínica e os testes de sensibilização não são conclusivos. Deve ser realizado em ambiente especializado devido ao risco de reações graves, incluindo anafilaxia.

- Teste cutâneo de puntura (Skin Prick Test, SPT): Utiliza extratos padronizados dos alimentos suspeitos. Apresenta alta sensibilidade, especialmente para leite de vaca e ovo (90-94%), porém menor especificidade. O resultado deve ser interpretado em conjunto com a história clínica, pois a sensibilização isolada não confirma alergia.

- Dosagem de IgE específica sérica (sIgE): Mede os níveis de IgE contra proteínas alimentares. Apresenta sensibilidade semelhante ao SPT e pode ser útil em pacientes com contraindicação ao teste cutâneo. A dosagem de IgE para componentes moleculares (ex.: Ara-h-2 para amendoim, caseína para leite, ovomucóide para ovo) aumenta a especificidade diagnóstica.

- Teste de ativação de basófilos (BAT): Apresenta alta especificidade para amendoim e gergelim, sendo útil em casos duvidosos ou quando se deseja evitar o teste de provocação oral.

"A escolha dos testes deve ser guiada por uma história clínica detalhada e individualizada. O uso indiscriminado de painéis de alergia alimentar não é recomendado. Testes positivos indicam sensibilização, mas apenas a combinaçãode história clínica compatível e teste positivo confirma o diagnóstico de alergia alimentar mediada por IgE", recomenda o Dr. Gladistone.

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Dr. Gladistone Coghetto Junior - Graduação pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC) em 2015. Pós-Graduação em Medicina Paliativa pela UNOESC em 2017. Pós-Graduação em Medicina de Urgência Associação Brasileira de Medicina de Urgência e Emergência em 2020. Pós-Graduação em Medicina Intensiva pelo Hospital Israelita Albert Einstein em 2021. Pós-Graduação em Nutrologia Clínica pela Afya Educação Médica em 2023 - CRM: 52111-RS

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