Corpo e Mente

Conheça os perigos da suplementação sem indicação

10/7/2025
Kurotel
Conheça os perigos da suplementação sem indicação

Em busca de mais energia, melhor desempenho físico ou uma aparência idealizada, muitas pessoas recorrem aos suplementos alimentares como uma solução rápida e eficaz. No entanto, o que poucos sabem é que o uso indiscriminado desses produtos pode representar sérios riscos à saúde. A suplementação sem orientação profissional, além de ineficaz em muitos casos, pode causar desde desequilíbrios nutricionais até complicações graves.

Segundo o médico Gladistone Coghetto Junior, da equipe técnica do Kurotel, o uso de suplementos sem orientação profissional é arriscado, pois desconsidera as necessidades individuais, o histórico de saúde e os níveis reais de nutrientes no organismo, podendo levar a efeitos adversos ou até mesmo à intoxicação nutricional.

Ele explica que, em um organismo saudável e com alimentação equilibrada, o excesso de nutrientes pode causar desequilíbrios no metabolismo, em vez de melhorar o desempenho ou prevenir doenças. Os principais riscos, de acordo com o médico, incluem:

- Intoxicação por excesso devitaminas ou minerais (como ferro, vitamina A, selênio);
- Interferência na absorção de outros nutrientes, gerando novas deficiências;
- Sobrecarga de órgãos, especialmente fígado e rins;
- Interações perigosas com medicamentos;
- Em casos graves, pode levar a internações hospitalares e até em unidades de terapia intensiva (UTI).

"A suplementação deve ser usada apenas para corrigir deficiências reais, em situações como má absorção, doenças específicas ou aumento da demanda nutricional, e sempre sob avaliação profissional", afirma ele.

Órgãos sobrecarregados
O Dr. Gladistone Coghetto Junior observa que a suplementação feita de forma inadequada pode sobrecarregar principalmente o fígado e os rins, que são os órgãos responsáveis por metabolizar, filtrar e eliminar substâncias do organismo.

- Fígado (metabolização e detoxificação): Quase a totalidade dos nutrientes e compostos ingeridos passam primeiro pelo fígado, onde são transformados ou ativados para uso pelo corpo. O excesso de suplementos - especialmente vitaminas lipossolúveis, fitoterápicos e compostos sintéticos - pode causar acúmulo tóxico e inflamação hepática, resultando em hepatite medicamentosa ou insuficiência hepática em casos graves.

- Rins (filtragem e excreção): O que não é utilizado pelo organismo, especialmente o excesso de minerais hidrossolúveis como cálcio, potássio, zinco e vitaminas do complexo B, é eliminado pelos rins. Quando em excesso, esses compostos podem agredir os néfrons (unidades funcionais dos rins), favorecendo a formação de cálculos renais, insuficiência renal e até a necessidade de hemodiálise.

Sinais de alerta do corpo
De acordo com o médico, quando o corpo recebe uma quantidade de suplemento superior à que consegue metabolizar e eliminar - principalmente pelos rins e pelo fígado -, podem surgir sintomas de alerta. Esses sinais indicam que o organismo está reagindo negativamente ao excesso de nutrientes ou compostos. Entre os sintomas mais comuns estão:

- Náuseas, vômitos e diarreia: São respostas frequentes do corpo para tentar eliminar a substância irritante;
- Alterações de pele: Podem surgir manchas, coceira ou descamação;
- Olhos amarelados (alteração na coloração da esclera): Sinal possível de comprometimento hepático (fígado);
- Sintomas neurológicos: Como visão turva, letargia, tontura e confusão mental, que podem indicar neurotoxicidade.

"Esses sinais não devem ser ignorados. Ao perceber qualquer sintoma incomum durante o uso de suplementos, é fundamental interromper o uso e buscar avaliação médica imediata", recomenda ele.

Grupos mais sensíveis
Alguns grupos populacionais, segundo o Dr. Gladistone Coghetto Junior, são mais sensíveis aos efeitos adversos dos suplementos alimentares e, por isso, devem ter atenção redobrada ao utilizá-los. Esses grupos incluem:

- Gestantes e lactantes: Necessitam de nutrientes específicos em quantidades adequadas (como ácido fólico e ferro), mas estão mais vulneráveis à toxicidade, especialmente de vitamina A, que pode causar mal formações fetais. Fitoterápicos e compostos naturais também podem atravessar a placenta ou o leite materno, afetando o bebê.

- Idosos: Podem apresentar função renal e hepática reduzida, dificultando a metabolização e excreção de suplementos. Estão mais sujeitos a interações com medicamentos e a efeitos adversos por doses inadequadas.

- Atletas e praticantes de atividade física intensa: Muitas vezes, usam suplementos por conta própria para ganho de desempenho, sem avaliação das necessidades reais, o que pode causar sobrecarga hepática, renal e cardíaca. Fitoterápicos para "energia" ou "testosterona" podem afetar o sistema endócrino e causar desequilíbrios hormonais.

- Crianças e adolescentes: Estão em fase de crescimento e desenvolvimento, por isso qualquer excesso ou deficiência pode ter impactos a longo prazo.

- Pessoas com doenças crônicas: Pacientes com doenças hepáticas, renais, cardíacas, autoimunes ou em uso de múltiplos medicamentos devem ter acompanhamento rigoroso. Certos suplementos podem interferir no tratamento, piorar a doença ou anular o efeito de medicamentos.

 Suplementação segura: por onde começar
O Dr. Gladistone Coghetto Junior afirma que o caminho mais seguro e eficaz para iniciar a suplementação é buscar orientação profissional. "A decisão de usar qualquer suplemento deve ser baseada em uma avaliação individualizada, feita por um nutricionista ou médico, que leve em conta o histórico de saúde, a rotina alimentar, os hábitos de sono, a prática de atividade física, o uso de medicamentos e os objetivos pessoais de quem busca esse recurso", orienta.

Exames laboratoriais são essenciais para detectar deficiências nutricionais e avaliar a saúde dos órgãos. Muitas queixas podem ser resolvidas com melhorias no estilo de vida, como alimentação equilibrada, sono de qualidade, hidratação e exercícios. De acordo com o médico, a suplementação deve ser indicada apenas quando houver necessidade comprovada e deve sempre ser acompanhada por um profissional para garantir eficácia e evitar riscos à saúde.

"Portanto, suplementar de forma segura exige consciência, responsabilidade e acompanhamento. Longe de ser uma solução mágica, a suplementação deve ser vista como um recurso complementar e pontual, sempre baseada em evidências e necessidade real", ressalta o Dr. Gladistone.

Dr. Gladistone Coghetto Junior - Graduação pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC) em 2015. Pós-Graduação em Medicina Paliativa pela UNOESC em 2017. Pós-Graduação em Medicina de Urgência Associação Brasileira de Medicina de Urgência e Emergência em 2020. Pós-Graduação em Medicina Intensiva pelo Hospital Israelita Albert Einstein em 2021. Pós-Graduação em Nutrologia Clínica pela Afya Educação Médica em 2023 - CRM: 52111-RS

Leia também