Na correria do dia a dia, muitas vezes buscamos praticidade na hora de nos alimentar. É nesse cenário que os alimentos ultraprocessados ganham espaço: prontos para o consumo, com validade longa e sabores intensos. No entanto, por trás da conveniência, escondem-se riscos importantes para a saúde. Rico em aditivos químicos, açúcares, gorduras e sódio, esse tipo de produto tem sido associado ao aumento de doenças crônicas como obesidade, diabetes, hipertensão e até certos tipos de câncer.
Para isso,antes de mais nada, é preciso entender o que caracteriza um alimento ultraprocessado. A nutricionista Michelle Mileto Troitinho, da equipe técnica do Kurotel, explica que esses alimentos podem ser identificados por conter, em sua composição, cinco ou mais ingredientes, incluindo aditivos químicos, conservantes, estabilizantes, antioxidantes, açúcares, óleos vegetais e gordura hidrogenada, com o objetivo de imitar o sabor natural e mascarar características sensoriais indesejáveis.
Como resultado dessa composição, esses ingredientes conferem aos produtos características altamente palatáveis e propriedades sensoriais mais atrativas. Exemplos desses produtos incluem refrigerantes, biscoitos doces e salgados, macarrão instantâneo, alimentos prontos para aquecer, doces, balas, chocolates e embutidos.
"Já os alimentos in natura ou minimamente processados são obtidos diretamente deplantas ou de animais (como folhas, frutos, ovos e leite) e adquiridos para consumo sem que tenham sofrido qualquer alteração após deixarem a natureza. No entanto, podem ter sido submetidos à limpeza, remoção de partes não comestíveis ou indesejadas, secagem, embalagem, pasteurização, congelamento, refinamento, fermentação e outros processos que não incluam a adição de substâncias ao alimento original", afirma a nutricionista.
Como o consumo de ultraprocessados contribui para doenças crônicas?
De acordo com Michelle Troitinho, o consumo frequente de alimentos ultraprocessados (que apresentam quantidades elevadas de sal, açúcares, gorduras saturadas e níveis muito baixos de fibras, vitaminas e minerais) pode provocar problemas na sinalização da saciedade, acarretando o aumento da ingestão calórica durante as refeições. Isso pode favorecer e desencadear o ganho de peso corporal e, como consequências, obesidade, diabetes mellitus, resistência à insulina, doenças cardiovasculares, arteriosclerose e doenças inflamatórias intestinais.
"Nos últimos anos, foi possível observar um alto consumo de alimentos ultraprocessados pela população mundial. Estes alimentos chegaram às mesas ocupando o espaço de alimentos saudáveis que, até então, seriam indispensáveis para a promoção da saúde e do bem-estar, como arroz com feijão, frutas frescas, legumes, etc. Pelo fato da praticidade durante o preparo dos alimentos e da facilidade em questão econômica, houve uma diminuição do tempo de preparo de muitas refeições", destaca.
Como o consumo de ultraprocessados impacta a saúde intestinal?
"A alimentação desempenha um papel crucial na diversidade da microbiota intestinal", afirma Michelle. Segundo ela, dietas ricas em alimentos ultraprocessados, gordura saturada, açúcares adicionados e pobres em fibras estão associadas à disbiose intestinal e à redução da diversidade bacteriana. "Além de alterar a homeostase energética, o metabolismo da glicose e da insulina, essas dietas afetam as concentrações séricas de leptina e lipopolissacarídeos (LPS –citocinas inflamatórias) e, consequentemente, aumentam o percentual de bactérias gram-negativas", ressalta.
O aumento das bactérias gram-negativas e dos LPS, que provocam inflamação, reduz a produção de ácidos graxos de cadeia curta (butirato, acetato e propionato), essenciais para o metabolismo da microbiota intestinal. Esse desequilíbrio dos microrganismos no intestino, conhecido como disbiose intestinal, aumenta a permeabilidade da barreira intestinal, permitindo que bactérias inflamatórias entrem na corrente sanguínea e desencadeiem inflamação sistêmica por meio da elevação das citocinas inflamatórias. Essa inflamação subclínica está associadaa um maior risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e depressão.
Como o consumo de ultraprocessados afeta a saúde mental?
Michelle Troitinho explica que na micriobiota intestinal existem bactérias responsáveispela produção de neurotransmissores, como serotonina, dopamina e noradrenalina. "Esses mensageiros químicos, sintetizados pelas bactérias intestinais, atuam no Sistema Nervoso Entérico (SNE) e no Sistema Nervoso Central (SNC), uma vez que podem atravessar a barreira mucosa do intestino, possivelmente entrar na corrente sanguínea e impactar eventos fisiológicos no cérebro. A serotonina é um neurotransmissor sintetizado a partir do aminoácido triptofano nas células enterocromafins (CECs), que regula a resposta ao estresse, o humor, a ingestão alimentar e o apetite, a percepção da dor, o sono e o peristaltismo intestinal", afirma.
Pesquisas científicas sugerem que o consumo de dietas ricas em gorduras saturadas e/ou açúcares, juntamente com o baixo consumo de gorduras poli-insaturadas, está associado à redução da atividade serotoninérgica central, o que pode levar ao desenvolvimento de consequências neurológicas. A baixa produção de serotonina no intestino pode influenciar a sinalização entre o intestino e o cérebro por meio do nervo vago, afetando regiões cerebrais relacionadas ao humor, à ansiedade, ao estresse e à depressão.
Como evitar alimentos ultraprocessados no dia a dia?
A nutricionista Michelle Troitinho reuniu algumas recomendações práticas para reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados no dia a dia. Confira abaixo:
- Se eduque a ler os rótulos dos alimentos industrializados. Listas de ingredientes longas e com nomes difíceis geralmente indicam que o alimento é ultraprocessado;
- Planeje as refeições. Cozinhar em casa reduz a chance de escolhas impulsivas da compra de alimentos industrializados;
- Substitua gradualmente os refrigerantes por águas saborizadas, kombuchá ou infusões de ervas; os biscoitos doces recheados, po rfrutas secas; os salgadinhos, por castanhas, amêndoas e nozes; e o chocolate ao leite, por chocolate com 50 a 60% de cacau;
- Envolva a família e os amigos. As mudanças coletivas do padrão alimentar aumentam as chances de êxito para a aquisição de novos hábitos e comportamentos alimentares;
- Antes comprar observe embalagens "chamativas" com promessas de "zero gorduras trans" ou "rico em fibras" ou "zero açúcar", porque podem ocultar ingredientes químicos, característicos dos alimentos ultraprocessados.
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Michelle Mileto Troitinho - Graduada em Nutrição Clínica pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), em 2004, pós-graduada Latu Senso em Nutrição Clínica Funcional pela Universidade Cruzeiro do Sul/SP (UNICSUL), e Instituto de Ensino e Pesquisa VP/SP, em 2011. Certificação Internacional em Nutrição Esportiva pelo American College of Sports Medicine/ACSM, em 2022. Certificação Internacional em Nutrição Integrativa e Personalizada pelo American College of Sports Medicine/ACSM, em 2024 - CRN2 5752