Inovações em Saúde

O que a neurociência fala sobre mudança de hábito?

6/2/2020
O que a neurociência fala sobre mudança de hábito?

Estamos em um período especial. O término de um momento e o nascimento de outro ano renovam as intenções de mudança. Muitas vezes, nesta fase as pessoas tornam-se mais críticas, revisando os 12 meses que se passaram, analisando o que houve de bom e o que houve de ruim.

O início de um novo ciclo pode trazer alento e esperança para se colocar uma nova maneira de viver em prática, conforme comprova a neurociência. Do ponto de vista do cérebro, quando uma pessoa considera ter realizado algum equívoco, mas acredita que aprendeu algo com ele, a inteligência emocional pode ser desenvolvida e esta pessoa tem maior predisposição a ter mais sucesso em vivenciar e nutrir melhores hábitos, do que uma pessoa que não tem essa mesma crença, como mostra uma pesquisa da Michigan State University.

Ou seja, a crença de se ter habilidade em conseguir acertar ou corrigir o que se considera imperfeito, é cientificamente comprovada como um importante dispositivo para a resiliência. Além disso, contribui para a concretização de novas práticas, mais saudáveis e sustentáveis. Outra comprovação do que ajuda na mudança do hábito é que a emoção positiva precisa vir antes do bom resultado. Muitas vezes, as pessoas dizem que querem chegar a um objetivo para, então, se sentirem felizes.Um trabalho do australiano Robertson e colaboradores, por exemplo, mostrou que as pessoas que conseguiram emagrecer foram aquelas que tiveram mais alta pontuação de duas virtudes: esperança e gratidão.

Ter esperança não é meramente acreditar. Fala de flexibilidade cognitiva, ou seja, de entendermos que as coisas não são “tudo ou nada”. Se uma pessoa comeu uma sobremesa robusta, não significa que tudo vá por água abaixo. Esta virtude permite compreender que o equilíbrio é possível. A gratidão, por sua vez, é uma emoção aonde o cérebro reconhece que algo bom já aconteceu e favorece vias para se manter uma recompensa positiva, o que estimula ainda mais a manutenção do bom hábito. Compreender o cérebro e a mente pode ser um importante aliado para a mudança de atitude. E um ano novo é um excelente momento para se rever propósitos, principalmente no que tange a práticas mais harmônicas com saúde, felicidade e bem-estar.

Por Mariela Silveira - Médica nutróloga e Terapeuta Cognitiva, diretora clínica do Kurotel – Centro Contemporâneo de Saúde e Bem-Estar

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